Para acessar os Blogs do Castelinho clique aqui!

quarta-feira, 7 de março de 2012

Atividades para Deficientes Auditivos

Deficiência Auditiva
Milena Dutra 



Características do Desenvolvimento do Deficiente Auditivo


O desenvolvimento completo de um indivíduo está muito relacionado com o desenvolvimento dos sistemas sensorial e perceptivo, pois é através desses sistemas que os estímulos ambientais são transmitidos ao indivíduo. Quando ocorre algum impedimento em um desses sistemas, o desenvolvimento do indivíduo pode vir a ser prejudicado devido à dificuldade de interagir com o ambiente.

No caso do deficiente auditivo, as suas características especiais (físicas, psicomotoras e cognitivas) estão associadas ao “início da surdez, etiologia, localização da lesão e quantidade e qualidade dos estímulos ambientais que a criança é exposta” (Pedrinelli & Teixeira, 1994). É importante o diagnóstico precoce da surdez, possível a partir do 5º mês de gestação, para que sejam proporcionados estímulos adequados para o completo desenvolvimento do indivíduo.

Aspectos cognitivos e emocionais


Segundo Vygotsky (1993), o maior desafio para o deficiente auditivo no campo intelectual é a “formação de conceitos, generalizações e abstrações” por envolverem comportamentos verbais, sendo mais importante para eles a memória visual.

Ainda segundo os autores, o deficiente auditivo pode apresentar certos problemas de comportamento como:

-     Relutância em manter contato com pessoas estranhas;
-     Relutância em mostrar o aparelho auditivo, tentando esconder a deficiência, principalmente em adolescentes;
-     Concretismo na análise da realidade;
-     Rigidez de pensamento;
-     Imaturidade em relação ao ajustamento social;
-     Tendência para o isolamento social dos ouvintes;
-     Ansiedade;
-     Capacidade de concentração reduzida.

A imagem corporal e o autoconceito também podem ser influenciados pela surdez. Isso porque são formados através de experiências oriundas do sistema vestibular, sinestésicos e tátil. “Quando a criança amadurece e começa a dar significado às informações visuais e verbais é que a imagem corporal e o autoconceito são afetados por estes sistemas. Normalmente esta mudança começa entre sete e oito anos. As crianças com deficiência visual e auditiva têm um grande impacto nessa mudança” (Pedrinelli & Teixeira, 1994).

Aspectos físicos e motores


Os diversos tipos determinam quais serão as necessidades e as limitações a serem trabalhadas com o deficiente auditivo. Muitos apresentam certo grau de retardo no desenvolvimento motor se comparado com crianças ouvintes, mas estudos mostram que este fato está muito mais relacionado com o estímulo oferecido ao indivíduo do que a uma característica da surdez.

No mundo dos ouvintes, a grande maioria dos estímulos é oferecida de maneira verbal, não sendo eficientes com os surdos. Por isso, quanto mais cedo a surdez for diagnosticada, melhor será o desenvolvimento físico do indivíduo surdo, uma vez que os estímulos serão fornecidos de maneira adequada.

Um bom desenvolvimento físico e motor é muito importante ao deficiente auditivo, pois é “através do corpo que mais freqüentemente experimentam situações de sucesso, tornando-se um recurso de comunicação e interação social sem comparação”.

Esporte e deficiência auditiva

As modalidades especiais para deficientes auditivos visam atender muito mais a necessidades sociais e de comunicação do que condições físicas. A procura por este tipo de esporte deve-se, segundo Pedrinelli & Teixeira (1994), a:

-     Atividades negativas para com a surdez por parte dos ouvintes que os rodeiam;
-     Ênfase na fala como única forma de expressão por parte dos ouvintes, o que dificulta a comunicação.

Dança música e deficiência auditiva

Ao contrário do que muitas pessoas pensam, é possível trabalhar música com deficientes auditivos, sendo eles capazes de “responder a ela através da dança e da expressão corporal. De forma adequada a cada ritmo e de maneira intensa e alegre” (Pedrinelli & Teixiera, 1994).

O trabalho com a música pode ter dois objetivos: a música por si só ou ainda fins terapêuticos (enriquecimento do vocabulário, melhoria da auto-imagem, estimulação da leitura labial, desenvolver ritmicidade na fala e introdução ao mundo sonoro).


Assistam a este filme:Filhos do Silêncio, sobre deficiência Auditiva
Para tanto, a criança deve ser estimulada a “descobrir e a perceber as vibrações sonoras através de todo o seu corpo (tocar instrumentos, realizar movimentos rítmicos com o corpo, palmas, etc)” (Pedrinelli & Teixeira, 1994).

“A utilização de música e dança não deve ter o intuito de ‘normalizar’ a criança com dificuldade de comunicação verbal, preconizando essencialmente a sua oralização. O ser humano como sistema complexo apresenta uma infinidade de aspectos que devem ser abordados. Assim, o mais importante é promover o seu bem-estar, auxiliar sua auto-aceitação e auto-valoração, a reconhecer suas limitações e tirar o máximo de proveito de suas infinitas potencialidades”  (Pedrinelli & Teixeira, 1994).

Relacionamento professor X aluno deficiente auditivo

Pedrinelli & Teixeira (1994) descrevem alguns pontos que devem ser observados quando em uma aula na qual haja deficientes auditivos:

-     Enxergar a criança mais do que a deficiência;
-     Considerar as limitações, mas enfatizar as capacidades;
-     Estar informado sobre a etiologia, local e gravidade da lesão;
-     Procurar ajuda da família ou mesmo de outros profissionais envolvidos com a criança, se for necessário esclarecer algumas dúvidas;
-     Manter-se frente ao aluno quando estiver falando;
-     Usar todos os recursos possíveis para comunicar-se procurando certificar-se de que o aluno compreendeu a mensagem;
-     Não mudar constantemente as regras de uma determinada atividade;
-     Não articular exageradamente as palavras;
-     Substituir as pistas sonoras por visuais, se necessário.

Exemplo de atividade Rítmica:

- Objetivos da atividade:
Desenvolver noções de ritmo e coordenação motora global;

- Objetivos do grupo:
Demonstrar a utilização da linguagem gestual, de sinais (libras) e cores para a comunicação com os alunos deficientes auditivos;
Posicionamento do professor perante a classe.

- Descrição da atividade:
No primeiro momento, os alunos estarão dispostos em círculo e, parados, deverão bater bola no ritmo estipulado pelo professor;
Num segundo momento, os alunos deverão andar em círculo em volta do professor, batendo a bola de acordo com o ritmo do próprio andar;
Num terceiro momento, os alunos deverão observar as cores e os números indicados pelo professor para formarem grupos durante a execução da atividade.

· Bola vermelha – Pare!
· Bola amarela – Ande!
· Bola verde – Corra!

Exemplo: se o professor levantar a bola amarela e fizer o número 2, os alunos deverão andar em duplas.

- Estratégias:
Estilo de ensino: tarefa.
Organização da turma: em círculo, formando grupos de acordo com as ordens do professor.
Estratégia de comunicação: leitura labial, gestos, libras e cores.

Nenhum comentário:

Postar um comentário